Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo de Natal (RN)
No dia 2 de fevereiro, Festa da Apresentação do Senhor, a Igreja celebra o Dia Mundial da Vida Consagrada. A Igreja proclama a beleza da vida consagrada reconhecendo-a como um dom de Deus Pai à sua Igreja, por meio do Espírito. Afirma o Decreto Perfectae caritatis sobre a renovação da vida religiosa, do Concílio Vaticano II: “a consecução da caridade perfeita por meio dos conselhos evangélicos tem a sua origem na doutrina e nos exemplos do divino Mestre e brilha como um sinal luminoso do reino dos céus” (n. 1). Ainda afirma o decreto conciliar que os religiosos, “movidos pela caridade, que o Espírito Santo derrama nos seus corações, mais e mais vivem para Cristo e para o seu corpo, que é a Igreja” (n. 1). O tema da vida consagrada foi discutido num Sínodo dos Bispos, realizado em 1994, a partir do qual o Papa São João Paulo II publicou a Exortação Apostólica Vita consecrata. Nesta Exortação afirmava o santo Papa: “o fundamento evangélico da vida consagrada há de ser procurado naquela relação especial que Jesus, durante a sua existência terrena, estabeleceu com alguns dos seus discípulos, convidando-os não só a acolherem o Reino de Deus na sua vida, mas também a colocarem a própria existência ao serviço desta causam deixando tudo e imitando mais de perto a sua forma de vida” (JOÃO PAULO II. Exortação apostólica pós-sinodal Vita consecrata, n. 14).
Os religiosos e as religiosas são chamados, portanto, a viverem o carisma da consagração, não como um privilégio que os faz mais santos ou mais importantes que os outros, mas como consagrados ao serviço dos outros como Jesus o foi. Todos os cristãos são chamados a viver como servidores dos outros, mas os religiosos vivem esse chamado com total liberdade e doação por meio dos conselhos evangélicos, os votos de pobreza, castidade e obediência. Eles lembram a todos os outros fiéis que essa existência “cristiforme” é destinada a todos os batizados, e ela “reveste uma conotação essencialmente cristológica e pneumatológica, exprimindo de forma muito viva o caráter trinitário da vida cristã, da qual antecipa de algum modo a realização escatológica, para onde tende a Igreja inteira” (JOÃO PAULO II. Idem.).
Os religiosos e as religiosas, presentes em nossa Igreja Particular merecem nosso reconhecimento e gratidão e, ao mesmo tempo, desejo que todos possam, num ato de fé, confirmar a sua adesão ao Cristo e manifestar a todos a misericórdia infinita de Deus. Que o seu testemunho ilumine a nossa vida, pois como disse o Papa Francisco, os “Religiosos e religiosas, isto é, homens e mulheres consagrados ao serviço do Senhor que percorrem na Igreja este caminho de pobreza forte, de amor casto que os leva a uma paternidade e a uma maternidade espiritual por toda a Igreja, uma obediência… uma obediência de doação do coração”.
Ao celebrar o Dia Mundial da Vida Consagrada nossa gratidão a tantos homens e mulheres presentes na nossa Igreja Particular que vivem o carisma da consagração e servem aos nossos irmãos e irmãs. Faço memória daqueles que já partiram para a casa do Pai e vivem na eternidade o que já experimentaram aqui na terra. Parabenizo a todos e ao mesmo tempo, conclamo a que sempre vivam essa comunhão eclesial no serviço pastoral, que é uma marca em nossa história. Agradeço a Deus pela presença de todos os religiosos e religiosas e peço que sejam derramadas as bênçãos sobre todos.
Que todos continuem dando testemunho de fraternidade e nos ensinem a que a fraternidade é o caminho de realização de toda vocação.
Fonte: CNBB