Cantinho Franciscano

Bem Vindo!

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Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.

As pílulas de Frei Galvao


Tio Carlos estava sentado em sua poltrona preferida e sorriu quando Alice perguntou:

— E as “pílulas de Frei Galvão”?...

Ainda sorrindo, ele começou a falar:

— Romualdo era um moço forte que vivia com seus pais numa chácara perto de São Paulo. Era devoto de Nossa Senhora e rezava o terço todos os dias.

Seus pais iam sempre assistir às missas de Frei Galvão e gostavam de ouvir os sermões dele.

Romualdo já tinha ouvido falar de Frei Galvão e gostaria de conhecê-lo... Mas, ele era meio...

— Preguiçoso...

— Sim, Cláudia. Era meio relaxado, tinha preguiça de ir à missa. Certamente Romualdo não imaginava que um fato extraordinário o colocaria frente a frente com nosso Santo Frei Galvão.

Seria um encontro não planejado, numa hora inesperada... E de um jeito que ninguém poderia imaginar.

— Huuum... Quanto mistério, Tio Carlos... Comenta Bruno.

— é que as coisas aconteceram assim mesmo.

Um dia, Romualdo estava preparando a terra para plantar café. Ele fez um movimento mais forte e sentiu uma dor terrível nos rins... Parecia que uma faca tinha penetrado nele e arranhava tudo por dentro...

— Que doença é essa, Tio Carlos? O senhor é médico...

— é a “Litíase biliária”... é um nome grego, Jairo. Ele quer dizer que a pessoa tem “cálculos”, “pedras”, nos rins! Qualquer movimento que a pessoa faz causa uma dor enorme. E se ficar quieto... dói também! é das piores dores que existem...

— Ninguém veio ajudá-lo? Queria saber Bia.

— Ele gritava demais... Gritava tanto que, de longe, seus pais ouviram a sua gritaria e foram ver o que estava acontecendo.

E se espantaram: o filho estava caído no chão, rolando de tanta dor...

Coitados... Não sabiam como ajudá-lo...

— Meu Deus! Dá até para desesperar...

— Sim, mas, mesmo nessa situação terrível, os pais não se desesperaram. Eles eram bons católicos, tinham fé... E, quem tem fé não se desespera... Sem saber o que fazer, a mãe pôs-se logo a rezar...

— Ainda bem...

— Enquanto ela rezava, em seu coração de mãe nasceu uma idéia que foi a salvação para Romualdo... Ela disse ao marido:

— Depressa! Vamos levar nosso filho até Frei Galvão!

— Conseguiram com um vizinho uma espécie de carroça chamada “charrete”, deitaram Romualdo no banco e tocaram os cavalos a toda pressa...

— Para onde?

— Para o Mosteiro da Luz, Jairo. Foram pedir socorro a Frei Galvão... Correram tanto que até parecia que o caminho tinha ficado mais curto...

Chegando ao Mosteiro, o próprio Frei Galvão veio atendê-los como se já estivesse sabendo...

Romualdo já nem falava mais... O tempo todo, apenas gemia... Com os olhos arregalados, o rapaz parecia pedir socorro ao nosso Santo. Frei Galvão teve pena deles...

— Mãe de Deus! é tudo muito impressionante!... Exclama Bruno.

— Eles estavam bem na porta da Capela do Mosteiro. Frei Galvão voltou-se para a imagem de Nossa Senhora que fica sobre o altar e parou alguns instantes em oração...

— Ele se comunicava com Deus?

— Exatamente, Alice... E, naquela hora, ele teve uma inspiração que só pode ter vindo do Céu: Frei Galvão pegou umas tiras de papel e escreveu nelas: “Post partum Virgo Inviolata permansisti: Dei Genitrix intercede pro nobis.”

— O que isso quer dizer?

— é uma frase do Ofício de Nossa Senhora. Ela significa “Depois do parto, Vós permanecestes sempre Virgem: Mãe de Deus, intercedei por nós.”

— Uma frase sobre a Virgem Maria?

— Sim, Alice. Frei Galvão fez umas pequenas “pílulas” com as tiras de papel e as deu para o jovem tomar.

Romualdo tomou as pílulas. Alguns instantes depois ele pôs para fora uma pedra grande e pontuda que estava num de seus rins. Logo depois, expeliu outras pedras menores, todas cheias de pontas.

— Mas papel não cura ninguém!

— Foi um milagre, Cláudia. O jovem imediatamente sentiu-se aliviado, agradecendo Frei Galvão com lágrimas de alegria nos olhos.

Não preciso dizer que o fato espalhou-se rapidamente pela região e, a partir disso, todos os dias havia gente na porta do Mosteiro pedindo as “pílulas”. E muitos voltavam mais tarde para contar como haviam sido curados.

— é impressionante!!! Como é que uma pílula de papel... onde está escrita uma frase sobre Nossa Senhora... pode curar tanta gente.

— E é um milagre sempre renovado, pois, até hoje, — quase duzentos anos depois — as pessoas ainda fazem fila diante do Mosteiro para receber as “pílulas de Frei Galvão”. E, muitas vezes, são curadas tanto de corpo quanto de alma...

Bem. Alice, aí está a história das “pílulas de Frei Galvão” que você me pediu para contar...

— é impressionante, simples papeizinhos fizeram já duzentos anos de milagres!

— Exatamente. Deus frequentemente mostra Sua glória na pessoa de um santo ou de uma santa.